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terça-feira, 5 de junho de 2012

Em defesa da Energia Solar




Costumo acompanhar sempre reportagens e debates na televisão ou na internet, sobre os problemas energéticos, matriz energética, problemas ambientais relativos a matriz energética, etc. Há uma semana atrás assisti a um programa, não sei se era ao vivo ou se era gravado, que entrevistava duas autoridades: uma relacionada ao governo outra estava ligada à indústria nuclear. Não vou citar nomes, pois de agora em diante vou assumir uma postura mais positiva e evitar críticas, dirigindo minha retórica para apresentar informações mais detalhadas ao público, e possíveis soluções para os problemas, tanto de energia como de sustentabilidade em geral.

O que me chamou a atenção nesta entrevista foi: A absoluta concordância entre as autoridades. E também, chamou a atenção, a forma como desdenharam a Energia Solar colocando os mesmos argumentos de sempre. Primeiro disseram que a Energia Solar Fotovoltaica é muito cara ainda. Segundo, que a Energia Solar Fotovoltaica emite gás carbônico em seu processo de criação. Terceiro, que a Energia Solar Fotovoltaica é intermitente e suas usinas não operam à noite ou quando não há sol. Quarto, que a Energia Solar Fotovoltaica possui patentes e as usinas teriam de comprar os painéis de empresas estrangeiras.

Vamos ver item por item, mas primeiro quero dizer que eles evitaram falar sobre o uso de Energia Solar para outros fins que não são o de gerar eletricidade, simplesmente porque os outros usos não competem com suas usinas nucleares. Mas porquê eu usei negrito na palavra Fotovoltaica? É simples: Quis chamar a atenção desta palavra que eles não a usaram diretamente, mas era disso que estavam falando. O que eles não dizem é que existem outras formas de usar Energia Solar para gerar eletricidade que não usam painéis Fotovoltaicos, o que explicarei a seguir.

Existem várias formas de transformar a Energia Solar em eletricidade. A mais conhecida é a que utiliza painéis fotovoltaicos, e transforma diretamente a luz em eletricidade, usando materiais semicondutores. Esses materiais são produzidos da mesma forma que se produz os chips de computadores.
Vou expor aqui algumas dessas outras formas e explicar o seu funcionamento:

- Torre Solar Térmica.
- Torre Solar de Convecção.
- Refletores parabólicos com sistema Stirling.
- Painéis Semiparabólicos com tubo de vácuo.

A Torre Solar Térmica funciona com uma matriz de espelhos planos que acompanham o movimento do sol e refletem a luz solar para uma torre onde se encontra um sistema de serpentinas de água. A água passa pela torre e absorve o calor. A água em ebulição é direcionada para uma turbina à vapor, que por sua vez move um grande gerador elétrico produzindo eletricidade.

Clique aqui para ver Torre Térmica (esta torre usa sal derretido que funciona como uma grande bateria - o reservatório de sal permanece quente e produz eletricidade à noite).

Já a Torre Solar de Convecção é composta de uma imensa torre e uma grande área coberta com plástico. Atuando como uma grande estufa, a área com plástico aquece o ar que sobe indo em direção a base da torre onde se encontram aerogeradores que produzem eletricidade. A diferença de temperatura entre o ar aquecido na base da torre e o ar no topo da torre provocam um rápido movimento do ar (convecção) em direção ao topo da torre.

Clique aqui para ver a Torre de Convecção

Os Refletores Parabólicos são como grandes antenas de satélite que acompanham o movimento do sol. Eles são espelhados e concentram a luz no foco da parábola, onde existe um gerador Stirling. O gerador Stirling produz eletricidade através do aquecimento de um gás. As usinas que usam este processo possuem uma matriz com grande número de refletores parabólicos.

Clique aqui para ver o Sistema Stirling

Os Painéis Semiparabólicos são como canaletas que refletem a luz por um tubo que passa em seu centro. Este tubo é composto por um cano metálico preto onde passa água, e que fica no centro de um outro tubo de vidro. Entre o tubo de metal e o tubo de vidro existe vácuo. O vácuo faz com que haja pouca ou nenhuma perda de calor por convecção, fazendo com que a água ferva e produza vapor, que por sua vez moverá uma turbina.

Clique aqui para ver os painéis

Com estas explicações é fácil de entender porque a discussão fica muito pobre quando apenas se discute o processo fotovoltaico. Na nossa interpretação, ou as autoridades realmente não conhecem o assunto ou estão omitindo deliberadamente.

Vamos continuar, então, com nossa argumentação em defesa da Energia Solar:

O primeiro argumento se refere ao fato de a Energia Solar ser muito cara. Eu contesto este argumento perguntando se estão falando somente de painéis fotovoltaicos. Será que já fizeram as contas envolvendo as outras formas de gerar eletricidade com Energia Solar?

O segundo argumento diz que a Energia Solar produz emissão de gás carbônico em sua confecção. Na verdade estão falando das placas de dispositivos semicondutores dos painéis fotovoltaicos. Este processo usa fornos de alta temperatura para dopar os materiais semicondutores com elementos eletronegativos ou eletropositivos. Citar isso como argumento é vergonhoso, pois este procedimento só acontece no momento de sua fabricação e não acontece mais durante seus dez ou vinte anos de uso, além disso pode-se usar fornos elétricos cuja eletricidade poderia vir de fontes não poluentes. De qualquer forma este argumento, novamente, está se referindo ao sistema fotovoltaico e não expande o tema da discussão.

O terceiro argumento fala da intermitência da Energia Solar, ou seja, uma usina solar não funcionaria à noite ou em dias de chuva. Existem várias soluções para esse problema. No caso do Brasil que possui muitas hidrelétricas, as usinas solares poderiam ser acopladas a elas. Com a usina solar funcionando durante o dia, a hidrelétrica diminuiria a sua produção poupando a água do seu reservatório para que sobre mais água nos períodos de seca, e durante a noite a hidrelétrica funcionaria com todo o seu rendimento. Assim, poderíamos evitar o perigo da baixa dos reservatórios nas épocas de seca como aconteceu no apagão de 2001. Outra forma de resolver o problema da intermitência é a usina solar usar uma parte de sua eletricidade para produzir hidrogênio. O hidrogênio seria usado em uma turbina durante a noite, fazendo com que a usina funcione durante as 24 horas do dia.

Este sujeito faz hidrogênio solar no quintal de sua casa: Clique aqui 

A união entre eletricidade de origem solar e produção de hidrogênio é uma solução que pode ser usada até para a frota de automóveis, pois a queima do hidrogênio produz vapor de água, ou seja, “zero carbono”.

O quarto e último argumento diz que os materiais das usinas solares precisam ser importados ou as empresas brasileiras se quisessem produzir esses materiais precisariam pagar patentes. Novamente se fala da indústria de semicondutores, e omite as outras formas que citei. Mas e as turbinas e os geradores das hidrelétricas, também não são importados? E as outras formas de gerar eletricidade solar? Será que é preciso pagar patente para usar espelhos? Qualquer modificação em um detalhe de uma dessas torres que descrevi criaria uma nova patente, basta investir em pesquisa e teríamos nossas próprias patentes.

Mas vamos esquecer esses argumentos e vamos supor, então, que todas as formas de Energia Solar sejam caras e que a energia nuclear seja mais barata. Mesmo assim, um único acidente em uma usina nuclear pode mudar tudo. O problema é que nós, o povo, pagaremos com os nossos impostos as indenizações pelas mortes e doenças, e pelos imóveis que perderão o valor. Porque essas empresas que ficam com o lucro da venda da energia nuclear não ficam com a responsabilidade das indenizações? Se as empresas de energia nuclear tivessem que fazer seguro para acidentes (imagine o tamanho do seguro), será que o valor da energia nuclear seria o mesmo? Quanto vale uma vida? Quanto vale a sua saúde?

Mas vamos continuar supondo que todas as formas de Energia Solar tenham um custo de produção maior que o custo de venda. Mesmo nesse caso valeria a pena o governo subsidiar a Energia Solar, pois as regiões que possuem sol o ano inteiro são as mesmas que são afetadas pela seca e possuem alto índice de pobreza. A região do agreste nordestino, seria muito beneficiada com novos empregos, comércio e renda. E isto já está acontecendo: A cidade cearense de Tauá possui uma usina solar em funcionamento baseada no sistema fotovoltaico. Esta usina já mudou o perfil da cidade, ativou o comércio, e duas fábricas já se mudaram para lá. Leia as reportagens:


http://blogs.diariodonordeste.com.br/gestaoambiental/tag/usina-solar-de-taua/

http://diariodonordeste.globo.com/noticia.asp?codigo=335474&modulo=968
   
Os vídeos que postei aqui falam por si mesmos! Já existem as tecnologias necessárias e muitas empresas e países já estão investindo em Energia Solar. Ao assistir os vídeos acima, eu pergunto o que faz uma pessoa ir à televisão para defender usinas nucleares?

Se o Brasil não aderir a Era Solar não será por falta de tecnologia, não será por falta de dinheiro, talvez seja apenas por falta de amor à natureza e aos seres vivos, incluindo aí o ser humano.

Walder Antonio Teixeira
O Homem Solar

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