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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Em Defesa do Programa Bolsa-Família


Em 1995, o Governador de Brasília, Cristovam Buarque, criou o Programa Bolsa-Escola aqui no Distrito Federal. Em 1996 pude conhecer o programa de perto, pois fui trabalhar com o sistema computadorizado de acompanhamento e pagamento das mães do Programa Bolsa-Escola, dando manutenção na parte de análise de sistemas e programação. Também tive contato direto com as famílias, através de atividades de cadastramento entre outras.
Este contato tão próximo da realidade das famílias fez com que eu comprovasse, não só a utilidade como a eficácia desse tipo de programa social. 
Mensalmente, as escolas mandavam a freqüência dos alunos, que não podiam ter um certo número de faltas, pois o benefício podia ser suspenso naquele mês. As mães não deixavam de mandar os seus filhos para a escola e acompanham a presença de suas crianças. A evasão escolar caiu drasticamente!
Mesmo depois do governo Cristovam, continuei dando manutenção no sistema até que o Programa Bolsa-Escola se transformou no Programa Renda-Minha, e mais tarde se uniu ao Programa Bolsa-Família.
Posso, assim, dizer com grande convicção, que o Programa Bolsa-Família é de suma importância para uma determinada faixa de renda da população. Ele tira, eficazmente, uma família da miséria e a coloca no patamar da pobreza, ou seja, ele realmente tira as pessoas da miséria. Mas apesar de tirar as pessoas da miséria, ele não é perfeito, pois não tira as pessoas da pobreza. Mas esta não é a sua missão. Sua missão é acabar com a miséria. O que tira as pessoas da pobreza é a educação. Ou seja, acredito que para acabar com a miséria são necessários outros programas complementares.
Em virtude das eleições, e do resultado das eleições, muita gente, dentro e fora das redes sociais, está criticando o Programa Bolsa-Família, injustamente. Dizem que as pessoas se acomodam, ou não querem mais trabalhar. Eu acho que o que meia dúzia de preguiçosos faz não deve servir de parâmetro para julgar milhões de pessoas. O Programa Bolsa-Família faz, sim, um excelente serviço social para o país.
Antes de julgar vamos analisar a seguinte situação:
Uma mãe, separada, e que possui cinco filhos recebe uma oferta de trabalho para ganhar menos de um salário mínimo, às vezes, até metade de um salário mínimo, para trabalhar pesado durante oito horas diárias ou mais, sem contar as duas ou três horas de transporte para chegar e voltar do trabalho. Gasta uma parte do que ganha com almoço ou leva a chamada “quentinha”. Ainda tem de deixar os filhos aos cuidados de outra pessoa ou aos cuidados dos filhos mais velhos.
Se esta mãe tem a possibilidade de ganhar o dinheiro do Programa Bolsa-Família e ficar em casa cuidando dos seus filhos, porquê ela optaria por se empregar em um trabalho semi-escravo? O que você faria em seu lugar?
O Brasileiro precisa deixar de enxergar o mundo através da “Casa Grande e Senzala”, e olhar para as necessidades do próximo e, também, olhar para o próximo com respeito.
As críticas contra o povo nordestino são infundadas. O Nordeste tem, sim, grandes carências, e se sua população acha que a vida melhorou nos últimos anos, ela tem todo o direito de votar em quem quiser. E em democracia a maioria é quem decide.
Não estou defendendo este ou aquele partido, mesmo porque votei nulo, pois devido às denúncias de corrupção de um lado e a um projeto neoliberal de outro, anulei o meu voto como protesto.
Tenho minhas críticas com relação à política econômica do Governo Dilma, que é diferente e está se distanciando cada vez mais dos governos anteriores, FHC e Lula. 
Espero, ou melhor, faço votos que Dilma e sua equipe, tenham o jogo de cintura, necessário para lidar com a inflação, o câmbio, a dívida, a política de juros, etc. Senão, teremos grandes problemas, não só econômicos como sociais.
Concluindo, tanto um partido quanto o outro que disputaram a presidência no segundo turno tem problemas e defeitos que podem ser usados como crítica. Mas não acho de bom tom criticar aquilo que pode estar matando a fome de milhões de pessoas.

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